DESBUROCRATIZAR É PRECISO! A Fábula da Formiga Desmotivada
Escrito por: Prof. Me. Ricardo Dias

Publicado em: 26/05/2025 às 18:08
Atualizado em: 26/05/2025 às 18:09
Adaptação com um toque de humor maranguapense do Prof. Ricardo Dias
Todos os dias, religiosamente, uma formiga chegava cedo ao escritório e trabalhava com entusiasmo de dar inveja. Não precisava de chefe, nem de manual de procedimentos: ela simplesmente fazia. E fazia bem.
Mas um dia, a gerente, uma vespa meio paranoica, ficou desconfiada:
— Como assim uma formiga trabalha feliz… sem supervisão?
Indignada com tamanha autonomia, decidiu agir: contratou uma barata, conhecida por seus relatórios cheios de gráficos coloridos e frases de efeito, além de uma vasta experiência em… fazer parecer que trabalha muito.
Assim que chegou, a barata tratou de mostrar serviço: instituiu horários fixos de entrada e saída, criou um sistema de controle de produtividade, implementou checklists, formulários e, claro, relatórios sobre os relatórios.
Como o volume de papel cresceu assustadoramente, a barata pediu uma secretária. Contrataram então uma aranha, especialista em tecer redes… de arquivos! Ela organizava tudo com fios impecáveis e ainda atendia o smartphone com oito mãos ao mesmo tempo.
A vespa, empolgada com tanta eficiência, pediu gráficos ainda mais sofisticados, com indicadores, metas, flechas, cores e tendências.
A barata, visionária, contratou uma mosca, expert em criar planilhas cheias de macros que ninguém entendia, e providenciou um computador com impressora a laser, scanner, wi-fi e, claro, luzinhas piscantes na CPU.
No meio desse show corporativo, a formiga, que antes cantarolava enquanto trabalhava, agora só suspirava. O que antes era alegria virou uma maratona de reuniões, e-mails, relatórios e mais relatórios.
Foi então que a vespa, achando que o departamento estava sofisticado demais para não ter um gestor formal, criou a função de “Diretor Geral da Unidade Produtiva de Formigas”. O cargo foi dado a uma cigarra, famosa pelo dom de… cantar e filosofar sobre produtividade, embora nunca tivesse produzido nada além de discursos motivacionais.
A cigarra, claro, pediu um escritório decorado com samambaias e luz ambiente, uma cadeira de couro legítimo e um notebook de última geração. Além disso, trouxe sua inseparável assistente: uma pulga, especialista em pular etapas.
As duas se dedicaram à elaboração de um “Plano Estratégico de Melhoria da Eficiência Operacional”, que ocupava mais tempo do que qualquer atividade real.
Enquanto isso, a formiga só queria fazer o que sempre fez: trabalhar em paz. Mas agora tinha que preencher relatórios diários, participar de reuniões semanais, treinamentos quinzenais e responder pesquisas de clima organizacional todo mês.
Notando que o ambiente estava meio… estranho, a cigarra sugeriu à vespa contratar um consultor para avaliar a motivação da equipe.
E aí entrou em cena… o tamanduá.
Sim, o renomado Tamanduá Consultoria Associados: especialista em sugar horas de trabalho com longos diagnósticos, metodologias complexas e apresentações com slides cheios de palavras difíceis como “sinergia”, “paradigma” e “mindset disruptivo”.
O tamanduá ficou três meses zanzando pelo escritório, farejando cada canto (com aquele focinho inconfundível), aplicando questionários, gravando entrevistas e analisando gráficos.
Ao final, entregou seu relatório:
— Após uma análise holística, integrativa e multidimensional… cheguei a uma conclusão inquestionável: tem gente demais aqui!
E, como sempre acontece nessas histórias, quem sobrou?
A formiga!
Alegaram que ela estava improdutiva, desmotivada, sem brilho, sem engajamento — sem perceber que toda aquela parafernália corporativa, criada supostamente para “ajudá-la”, na verdade só fez sugar sua energia até a última gota.
E assim, a formiga foi demitida.
Enquanto isso, o tamanduá fechou mais um contrato milionário, a cigarra postou uma foto no LinkedIn com a legenda “Case de Sucesso!”, logo compartilhada pela sua fiel escudeira pulga, a vespa foi promovida a gerente-geral, a barata ganhou um bônus, a aranha assumiu um novo projeto e a mosca… bom, a mosca continuou voando de reunião em reunião, sem ninguém saber exatamente o que ela faz.
E finalmente, após três meses de agonia, o escritório “Formiga Feliz” encerrou suas atividades.
Moral da história:
Burocracia demais mata instituições e até a mais produtiva das formigas.
Autor Desconhecido (história original)
Prof. Ricardo Dias
Serra de Maranguape, pense num lugar bom!